sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Apreendidas em Janeiro de 2012

Disseram do naufrágio do Titanic em 1912 que ele simbolizou o fim tardio do século 19, com sua fé na tecnologia e no domínio do homem sobre a natureza. Se aquele magnífico navio adernado na costa da Itália simboliza alguma coisa, é o fim de outra ilusão que ninguém esperava fosse acabar: a União Europeia, o euro forte e os anos de euforia com o dinheiro farto. E ninguém viu as pedras.
Luís Fernando Verissimo, escritor – Zero Hora – 19/01/2012

Valendo-me da expressão utilizada pelo jurista norte-americano Gary Francione, poderíamos dizer que a humanidade sofre de uma aguda esquizofrenia moral em relação aos animais. Da mesma forma com que tratamos alguns como verdadeiros membros de nossas famílias, relegamos outros a um completo descaso. Esse é o caso dos animais utilizados na alimentação, na experimentação científica, no entretenimento (rodeios, vaquejadas, circos, zoológicos, corridas, etc.), na indústria da moda, de medicamentos e cosméticos, entre tantas outras instituições opressivas.
Daniel Braga Lourenço, membro do "Animal Legal Defense Fund" – ALDF – IHU On-Line – 22/01/2012

Fundos de investimento chamados “Hedge funds” ameaçam ir a tribunal europeu de direitos humanos contra possível calote do governo grego.
Vinicius Torres Freire – Folha de S. Paulo – 20/01/2012

O planejamento central também foi horroroso, causou um desastre ecológico. Não estou dizendo que o planejamento central teria por si só dado conta do mercado. Mas nunca se imaginava que o sistema de preços e a economia competitiva de mercado, capaz de gerar tanta riqueza, tivesse uma falha tão grave.
Eduardo Giannetti da Fonseca, economista – Valor – 20/01/2012

Ninguém melhor do que Steve Jobs compreendeu o conceito de fetichismo de Marx, segundo o qual as relações sociais são mediatizadas pelos objetos.
Carla Rodrigues, jornalista – Valor – 20/01/2012

Igreja do Ctrl+C Ctrl+V vira religião oficial na Suécia
Alexandre Orrico, em reportagem sobre a Igreja Missionária do Kopimismo, cujos fiéis defendem que copiar e distribuir informação é uma virtude santa e que a internet é sagrada – Folha de S. Paulo –23/01/12

Ele sabia o que fazer com os inimigos: matá-los.
Newt Gingrich, candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, sobre Andrew Jackson, presidente americano que ficou conhecido por sua política de extermínio dos indígenas – O Globo – 25/01/2012

Podemos oferecer lembretes de que você se atrasará para uma reunião com base na sua localização, na sua agenda e com os dados do tráfego no dia em questão.
Alma Whitten, encarregada de questões de privacidade do grupo Google – Folha de S. Paulo – 25/01/2012

Do ponto de vista do mercado de consumo, parte dos ocupantes poderia ser enquadrada nas "novas classes médias" que FHC apontou como alvo preferencial do PSDB. Gente com mobília e eletrodomésticos novos, como se observa nas fotos, mas sem acesso à habitação legal.
Cláudia Antunes, jornalista, sobre a violenta desocupação do conjunto residencial Pinheirinho promovida por governantes tucanos em São José dos Campos (SP) – Folha de S. Paulo, 26/01/2012

No Sina Weibo, o blog mais popular do país, uma postagem recente resumiu os clichês dos carros: "Uma reunião de Mercedes indica um encontro de idosos", disse o autor. "Um grupo de BMWs significa jovens novos-ricos prestes a atropelar alguém e fazer uma festa; ao ver vários Audis, você sabe que é uma reunião do governo."
Andrew Jacobs e Adam Century, em “Carro define identidades na China”, matéria publicada pela Folha de S. Paulo – 30/01/2011

É questão de muitos séculos, que vem desde a época do “descobrimento”. E que levou o antropólogo Lévi-Strauss, num de seus livros, a perguntar por que os “índios” brasileiros, que eram milhões, não massacraram os portugueses recém-chegados, que eram umas poucas centenas. Mas, ao contrário – como já foi lembrado aqui -, eles os trataram como fidalgos. Porque, diz Lévi-Strauss, na cosmogonia desses povos, a chegada do outro está sempre prevista. E esse outro é o limite da liberdade de cada indivíduo, porque tem os mesmos direitos que ele. Precisa ser respeitado.
Washington Novaes – O Estado de S. Paulo – 27/01/2012

Aceita-se que os pobres ocupem até áreas de proteção ambiental: as Áreas de Proteção dos Mananciais (são quase 2 milhões de habitantes apenas no sul da metrópole), as encostas do Parque Estadual da Serra do Mar, as favelas em áreas de risco, mas não se aceita que ocupem áreas valorizadas pelo mercado, como revela a atual disputa pelo centro.
Ermínia Maricato, urbanista, sobre os interesses que estão por trás das operações de remoção dos usuários de crack da região central de São Paulo - Carta Maior – janeiro de 2012

As ferramentas mais baratas para filmar e as formas de comunicação como YouTube e Facebook são uma mudança incrível no universo visual. Só que a gente precisa se lembrar que quando as máquinas de escrever se tornaram muito populares no mundo, isso não fez com que crescesse o número de poetas. Eram 10 mil máquinas, mas ainda havia apenas cem poetas.
Péter Fórgacs, artista visual húngaro – O Globo – 31/01/2012

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