sexta-feira, 4 de março de 2011

Encontradas em Fevereiro de 2011

Mubarak foi um aliado nosso em uma série de coisas. E ele foi muito responsável, em relação ao interesse geopolítico na região, por esforços de paz no Oriente Médio; o Egito tomou medidas para normalizar relações com Israel… Eu não o chamaria de ditador.
Joe Biden, vice-presidente dos Estados Unidos – http://www.sidneyrezende.com
– 28/01/2010

Num despacho interno de dezembro de 2005, revelado pelo site WikiLeaks, o ex-cônsul-geral dos EUA em São Paulo Christopher J. McMullen divide os solicitantes em "bons", "maus" e "feios", numa alusão ao filme "The Good, The Bad and The Ugly" ("Três Homens em Conflito", na versão brasileira), de Sergio Leone.
Vinícius Queiroz Galvão, em reportagem para a Folha de S.Paulo – 01/02/2011

O céu estava cheio de pedras. Estou falando de pedras de 15 centímetros de diâmetros, que golpeavam o terreno como peças de morteiro. Deste lado da “linha” chegavam os opositores de Mubarak. Eles se dividam e golpeavam as paredes ao nosso redor. Neste ponto, os homens do governo voltaram e correram em estado de pânico enquanto os opositores do presidente os empurravam para frente.
Robert Fisk, sobre batalha na praça Tahrir, Cairo – Agência Carta Maior, 03-02-2011

A maravilhosa beleza das corrupções políticas. Deliciosos escândalos financeiros e diplomáticos. [...] grandes crimes [...] Adubos, debulhadoras, progressos da agricultura. [...] Progressos dos armamentos gloriosamente mortíferos. [...] Ó artigos inúteis que tanta gente quer comprar. [...] Eh-la-hô recomposições ministeriais!
Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) em poema de 1914

Em terra de olho, quem tem um cego... errei.
Millôr Fernandes

Como posso adotar um credo que, preferindo a lama aos peixes, exalta o proletariado grosseiro acima da burguesia e da intelligentsia, que com todas suas falhas, são o que há de melhor e carregam as sementes do que há de mais avançado nas realizações humanas?
John Maynard Keynes (1883 1946), economista inglês, referindo-se ao marxismo, em “A Short View of Russia” (1925)

Será mesmo que precisamos de mais mata?
Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira, durante debate promovido pelo Canal Rural sobre as mudanças no Código Florestal, em 04/02/2011

O número de suicídios tentados e consumados na cidade de São Paulo cresceu nada menos que 62,8% nos últimos dez anos, segundo dados do Ministério Público. Em 2000, de acordo com os boletins de ocorrência da capital, foram registrados 581 casos. Ano passado, o número pulou para 946: uma triste média de quase três mortes por dia. No mesmo período, a população da cidade cresceu apenas... 5,78%, como mostra o IBGE.
Sonia Racy – O Estado de S. Paulo – 08/02/2011

Alto funcionário do Bundesbank e membro do Partido Social Democrata (SPD), [Thilo] Sarrazin incendiou a Alemanha com a publicação de um livro que afirma a inferioridade genética dos muçulmanos e sua inadaptação à vida alemã. A primeira reação das autoridades e da liderança do SPD foi de repúdio ao pastiche pseudocientífico. Mas, numa rememoração de um passado que não passa, a caixa de e-mails do escritor ficou repleta de mensagens congratulatórias, as saudações nas ruas e nas praças eram cada vez mais numerosas e reconhecidas: Sarrazin exprimiu o que a maioria ariana já discutia nas mesas das cervejarias.
Luiz Gonzaga Belluzzo – CartaCapital – 06/02/2011

José Dirceu, José Serra e Paulo Maluf juntos numa festa? Sim, eles se encontraram no casamento de Patrícia, neta de Maluf, anteontem, em SP. Serra e Dirceu entabularam amistosa conversa.
Mônica Bergamo – Folha de S. Paulo – 11/02/2011

A felicidade consiste em um bom saldo bancário, uma boa cozinheira e uma boa digestão.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778)



Atenção, detetive

Se você for detetive
Descubra por mim
Que ladrão roubou o cofre
Do banco do jardim
E que padre disse amém
Para o amendoim

Se você for detetive
Faça um bom trabalho
Me encontre o dentista
Que arrancou o dente do alho
E a vassoura sabida
Que deixou a louca varrida

Se você for detetive
Um último lembrete
Onde foi que esconderam
As mangas do colete

E quem matou o piolho
Da cabeça do alfinete
José Paulo Paes em “Poemas para brincar”


Patacoada

A pata empata a pata
porque cada pata
tem um par de patas
e um par de patas
um par de pares de patas.

Agora, se se engata
pata a pata cada pata
de um par de pares de patas,
a coisa nunca mais desata
e fica mais chata
do que pata de pata
 
José Paulo Paes em “Poemas para brincar”

Esse fevereiro de 2011 bem poderia resultar na reedição de outro, acontecido em 1917, na Rússia, onde também se ganhou uma batalha crucial, que oito meses mais tarde, dá nascimento a uma revolução que, com suas conquistas e seus defeitos, mudou o curso da História contemporânea. É cedo demais para formular prognósticos de longo prazo. Mas, quem poderia agora se atrever a descartar a possibilidade de que o mundo árabe também tenha seu outubro?
Atilio A. Boron, sobre a Revolução Egípcia – Página/12 – 12/02/2011

Num país que precisa crescer extraordinariamente a ortodoxia econômica pode ser uma distração. Um governo cuja prioridade declarada é eliminar a miséria do país não pode fazer isso usando uma contabilidade convencional, ou a calculadora do inimigo.
Luís Fernando Verissimo, sobre a reajuste do salário mínimo – O Estado de S. Paulo, 17/02/2011

Se vendermos os direitos de produção [para um filme], vou exigir que meu papel seja feito pelo Will Smith. O nosso porta-voz, Kristinn Hrafnsson, seria interpretado por Samuel L Jackson, e a minha bela assistente por Halle Berry. E o filme poderia se chamar “WikiLeaks Filme Noire”.
Julian Assange, criador do Wikileaks, em entrevista exclusiva a blogueiros – http://www.gonzum.com – janeiro de 2011

Qualquer povo que estiver zangado com o seu presidente é só avisar que a gente derruba!
Inscrição em faixa de manifestantes no Cairo, segundo testemunho de Mamede M. Jarouche, professor de árabe da USP, que está no Egito como bolsista da Fapesp – Folha de São Paulo – 20/02/2011

Sem carteiras, escola faz rodízio de alunos. Colégio estadual dispensa estudantes pois não há lugar para todos sentarem.
Talita Bedinelli, em reportagem para a Folha de São Paulo sobre a rede estadual de São Paulo – 16/02/2011

Esses fundos ajudarão a fortalecer e apoiar a sociedade civil venezuelana para proteger o espaço democrático. O financiamento aumentará o acesso à informação objetiva; facilitará o debate pacifico sobre assuntos chave; ministrará apoio às instituições e aos processos democráticos; promoverá a participação cidadã e reforçará a liderança democrática.
Justificativa do Departamento de Estado americano para financiamento de U$ 5 milhões a grupos anti-chavistas na Venezuela – Agência Estado – 20/02/2011

Então, morra, minha filha!
Amazonino Mendes, prefeito de Manaus, respondendo a uma moradora de uma área de risco que alegava não ter para onde ir. O episódio aconteceu após a morte de três pessoas durante desmoronamento de terra na comunidade Santa Marta, na capital amazonense – BandNews – 21/02/2011

A cada egípcio assassinado, tombam 600 alagoanos. O dado, divulgado pelo Mapa da Violência, leva em conta dados de 2008 tanto do Estado mais violento do Brasil quanto de um dos países onde mais se mata no Oriente Médio.
Maria Cristina Fernandes – Valor – 25/02/2011

Viver sem história é ser uma ruína ou trazer consigo as raízes de outros. É renunciar à possibilidade de ser raiz para outros que vêm depois. É aceitar, na maré da evolução humana, o papel anônimo de plâncton ou de protozoário.
Joseph Ki
Zerbo, editor da História Geral da África, vol. I, UNESCO, 2010

Pode ser que, no futuro, haja uma história da África para ser ensinada. No presente, porém, ela não existe; o que existe é a história dos europeus na África. O resto são trevas… e as trevas não constituem tema de história.
Hugh Trevor
-Hoper, professor da Universidade de Oxford, em palestra apresentada em 1963. Citado em História geral da África, vol. I, UNESCO, 2010

O negro, coletivamente, não progredirá além de um determinado ponto, que não merecerá consideração; mentalmente ele permanecerá uma criança.
Richard Burton (1821
1890), em seu livro “Mission to Gelele, King of Dahomey” – História geral da África, vol. I, UNESCO, 2010

A África não é um continente histórico; ela não demonstra nem mudança nem desenvolvimento. (...) [Os povos negros] são incapazes de se desenvolver e de receber uma educação. Eles sempre foram tal como os vemos hoje.
Hegel (1770
1831) em seu livro “Filosofia da História” – História geral da África, vol. I, UNESCO, 2010

Lineu, no século XVIII, dividia a espécie humana em seis raças: americana, europeia, africana, asiática, selvagem e monstruosa. Com certeza, os racistas se encontram numa ou noutra das duas últimas categorias.
J. Ki
Zerbo, em “Teorias relativas às ‘raças’ e história da África” – História geral da África, vol. I, UNESCO, 2010