sábado, 28 de janeiro de 2012

Amontoadas em Dezembro de 2011

Marx costumava dizer que poetas são diferentes das pessoas comuns e, portanto, não deveriam ser julgados segundo padrões normais. Terminei meu projeto pensando o mesmo a respeito dele.
Mary Gabriel, autora de “Love and Capital - Karl and Jenny Marx and the Birth of a Revolution” (a ser publicado no Brasil em 2012, pela Zahar) – Valor 25/11/2011

O “Occupy” [Wall Street] não passa de um bando de turrões, bandidos e estupradores, uma turba indisciplinada, vivendo da nostalgia de Woodstock e de fétida e falsa honradez. A única coisa que esses palhaços conseguem é fazer mal à América.
Frank Miller – http://omelete.uol.com.br – 17/11/2011

Frank Miller é alguém cujo trabalho mal acompanhei nos últimos 20 anos. Acho que as coisas de Sin City são misoginia ultrapassada, 300 parecia ser incrivelmente ahistórico, homofóbico e completamente equivocado. Ouvi falar do discurso dele contra o movimento Occupy. É o tipo de coisa que eu esperaria dele.
Alan Moore – http://omelete.uol.com.br – 03/12/2011

Se retornasse ao debate jornalístico, analisando o caráter cíclico e estrutural das crises capitalistas, Marx seria lido com particular interesse na Grécia e na Itália por um motivo especial: a reaparição do “governo técnico”. Para ele, o mínimo que se pode dizer desse tipo de governo é que representa a impotência do poder político em um momento de transição. Os governos já não discutem as diretrizes econômicas, mas, ao contrário, elas é que são as parteiras dos governos.
Marcello Musto, professor da Universidade York, Toronto, no artigo “Grécia, Itália e os sagazes sarcasmos de Marx sobre os ‘governos técnicos’” – Carta Maior – 14/11/2011

O social parte do biológico como o astronômico parte do átomo, mas quem vai dizer que podemos explicar os fenômenos astronômicos por estudar os átomos?
Roberto Lent, neurocientista da UFRJ, sobre a neuroeconomia, ramo científico que tenta explicar os fenômenos econômicos a partir da química cerebral – Valor Economico – 09/12/2011

É como se o maquinista de um velho trem a vapor passasse a arrancar as paredes de madeira dos vagões, para alimentar a caldeira – obsoleta e voraz – da locomotiva.
Antonio Martins, sobre as medidas adotadas pelos governos europeus para enfrentar a crise das dívidas – Outras Palavras – 14/12/2011

Incomoda-me esta leitura que alguns fazem de que as favelas cariocas não são um lugar político. É como se na favela morasse um bando de miseráveis que não têm a menor capacidade de articulação e não têm seus próprios interesses. Dentro deste espaço, as pessoas se relacionam com o tráfico de drogas, com as milícias e, neste momento, com a UPP.
Julio Ludemir, escritor, em entrevista concedida à IHU On-Line – 16/12/2011

Uma empresa de curso de inglês na China gerou polêmica ao anunciar vaga de emprego em uma universidade afirmando que profissionais nascidos sob os signos de escorpião e virgem não serão aceitos. "Nós não queremos escorpianos ou virginianos. Pessoas de capricórnio, peixes e libra terão prioridade", informa o anúncio.
Notícias UOL - 15/12/2011

"A Bíblia diz que todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Deus é o Senhor", afirmou a enfermeira Janaína Silva, 28, citando um trecho da Carta aos Romanos. (...) "A Globo fez isso agora porque Deus tocou o coração deles. Era o momento certo, Deus não chega atrasado", disse a cantora Damares.
Marco Aurélio Canônico em reportagem sobre o primeiro festival de música gospel promovido pela emissora – Folha de S. Paulo – 18/12/2011

Um silêncio estrondoso, constrangedor, sepulcral, eloquente, criminoso... No total, foram nove adjetivos diferentes, compilados por leitores, para qualificar a mudez da Folha diante do lançamento do livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr. (Geração Editorial, 343 págs.)
Suzana Singer, ombusdman – Folha de S. Paulo – 18/12/2011

Eu nunca via ninguém que se parecesse comigo nos Evangelhos. As mulheres pareciam ser todas as prostitutas, pecadoras, habitadas por demônios ou uma Mãe virgem. Nenhum desses modelos a serem seguidos era muito atraente. Fiquei escandalizada quando eu descobri, por meio dos meus estudos bíblicos, que Maria de Magdala foi a primeira testemunha da Ressurreição e que não há nada nas Escrituras que sustente a ideia de que ela era uma prostituta.
Chris Schenk, diretora-executiva da FutureChurch (futurechurch.org), organização norte-americana de renovação da Igreja – em entrevista concedida à IHU On-Line – 16/12/2011

A inscrição no Facebook é gratuita. Mas poucos sabem que cada usuário contribui com quatro dólares com a sociedade de Mark Zuckeberg, em termos de inserções publicitárias e dos jogos dos quais nem todos participam. Se os inscritos no Facebook são cerca de 750 milhões, é fácil se dar conta do gigantesco negócio que está por trás da gratuidade do acesso à rede social mais famosa do mundo.
Luca Nivarra, professor de direito civil da Faculdade Jurídica de Palermo, Itália – Il Manifesto, 11/10/2011

No ano passado, nós fizemos campanha para eleger Dilma Rousseff à Presidência e demos o nosso voto a ela. O Silas Malafaia e o Anthony Garotinho não.
Jovanna Baby, travesti, em discurso durante conferência LGBT, sobre o "kit gay", engavetado por pressão de setores evangélicos representados pelos citados – Folha de S. Paulo – 20/12/2011

As pessoas boas devem amar seus inimigos.
A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena.
Quando a fome aperta, a vergonha afrouxa.
Sara a dor, sara a desgraça; se não sarar agora quando casar passa.
Seu Madruga, personagem do seriado mexicano Chaves

Durante toda a sua vida de destacado revolucionário, o camarada Kim Jong Il manteve bem altas as bandeiras da independência da República Popular Democrática da Coreia, da luta anti-imperialista, da construção de um Estado e de uma economia prósperos e socialistas, e baseados nos interesses e necessidades das massas populares.
Nota divulgada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) sobre a morte do ditador norte-coreano – 20/12/2012

Dois mil anos de pregação religiosa não foram suficientes para fazer Hitchens abandonar seu ceticismo com relação a Deus, mas algumas semanas de pregação neoconservadora bastaram para convencê-lo de que Bush estava certo, as armas de destruição em massa do Iraque ameaçavam os Estados Unidos e a invasão era inadiável. Depois de nove anos, quase 5 mil americanos e mais de 100 mil civis iraquianos mortos e nenhuma arma de destruição em massa encontrada, Hitchens mantinha sua posição a favor da guerra com convicção religiosa. As evidências do seu erro eram mais claras do que qualquer evidência da ausência de Deus. Mas a coerência não é um requisito para o bom polemista
Luís Fernando Verissimo, sobre Christopher Hitchens (1949-2011) – Zero Hora – 22/12/2011