sábado, 30 de junho de 2012

Coligidas em Junho de 2012

Educação é aquilo que fica depois que você esquece o que a escola ensinou.
Atribuída a Albert Einstein (1879-1955)

Todos os demais agentes foram insignificantes em comparação com a imprensa, e dependentes dela. Quando ganharam significação, já a imprensa e o golpismo estavam muito à sua frente, vindo apenas a aproveitar, para a consumação do seu propósito, os múltiplos e estimulantes erros da chamada "esquerda".
Janio de Freitas, sobre o golpe de 1964 – Folha de São Paulo – 03/06/2012

Em geral, na literatura da esquerda, todos resistiram à tortura. Todos são heróis. E isso não é verdade, é ficção. Tem pessoas que aguentam mais, outras menos. Mas é insuportável. Acho que muitos morrem sem dizer palavra porque não têm o que dizer.
Carlos Araújo, ex-marido de Dilma Rousseff – Folha de S. Paulo – 03/06/2012

Dois dados da desigualdade racial brasileira, tirados do último Censo pelo economista Marcelo Paixão, estudioso do tema. Só 0,8% dos trabalhadores brasileiros ganhava mais de 20 salários mínimos em 2010. Destes, 82,7% eram brancos — e 63,6%, homens brancos. No outro extremo, 9% dos ocupados recebiam até 1/4 do salário mínimo. Destes, 63,1% eram pretos e pardos.
Ancelmo Góis, jornalista – O Globo – 03/06/2012

No mesmo local onde o jornalista foi torturado, no alto da Favela da Grota, a polícia calculou outros 200 homicídios, como informara a reportagem de O Globo, em 15 de junho de 2002. São mortos inomináveis que traduzem a superficialidade da cobertura jornalística. Tais vítimas não são notícia de primeira página e ocupam espaços pequenos e de pouca visibilidade no interior do jornal.
Marcio de Souza Castilho em artigo sobre a morte de Tim Lopes, para a edição 697 do Observatório da Imprensa - 05/06/2012

Odeio a esquerda tradicional, intelectual, que ama a revolução, mas o tipo de revolução que acontece só em lugares remotos. Era assim quando eu era jovem: quanto mais longe, melhor. No Vietnã, em Cuba e, ainda hoje, na Venezuela.
Slavoj Zizek, em comício de apoio à coalizão grega Syriza – junho de 2012

No período entre as duas grandes guerras era comum jovens aristocratas ingleses participarem da repressão a movimentos populares e greves. Era uma forma de entretenimento, naquela época e naquele mundo tão bem descritos nos romances de Evelyn Waugh e outros: a luta de classes transformada em esporte para os rapazes queimarem calorias e ajudarem a manter a ordem.
Luis Fernando Verissimo – O Globo – 14/06/2012

Os oficiais e soldados japoneses recorreram ao canibalismo, e não apenas de cadáveres de inimigos... Em Nova Guiné eles mataram, retalharam e comeram membros da população local e trabalhadores escravos, bem como prisioneiros de guerra australianos e americanos, a quem se referiam como “porcos brancos”, em contraposição aos “porcos pretos” asiáticos.,
Toshiyuki Tanaka, professor da Universidade de Hiroshima, citado em "The Second World War", livro de Antony Beevor – Valor – 15/06/2012

Amar é... ser o primeiro a reconhecer o marido no Instituto Médico Legal.
O brasileiro é um povo com os pés no chão. E as mãos também.
Ivan Lessa (1935-2012)

Ele é o símbolo da resistência da nossa região. E foi por isso que compramos essa briga. Muitas vezes a mídia ou algumas pessoas nos acusam de estar brigando apenas pela exportação de carne. Mas não é por isso. Estamos brigando pelo contexto do documento, que só fala desse possível acordo entre uma empresa chinesa com o Brasil para exportação desses animais para utilização da carne, produtos e principalmente – o que nos fere mais – a utilização desses animais vivos em testes de cosméticos lá.
Kátia Lopes, presidente da ONG Defesa da Natureza, sobre protocolo de intenções assinado pela Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Norte para exportar jumentos para a China – IHU On-line – 17/06/2012


Se o PP acertar mesmo aliança com o PT, dá para acreditar que Erundina e Maluf, que já se odiaram tanto, subirão no mesmo palanque para apoiar o candidato indicado por Lula? Maluf, Serra e Erundina já foram adversários ferozes e se enfrentaram várias vezes nas disputas eleitorais pela maior prefeitura do país. Somadas as idades dos três, dá mais de dois séculos, mas eles estão de volta numa campanha que começou, tanto para petistas como para tucanos, com propostas de caras novas e novas propostas.
Ricardo Kotscho em artigo no seu blog, 15/06/2012

Tenho conversas com todo mundo, todas muito elegantes. Não há mais esquerda e direita, o que há são segundos de TV.
Paulo Maluf, deputado federal (PP-SP), sobre negociações de seu partido com PSDB ou PT para a campanha à Prefeitura de São Paulo – Folha de S. Paulo, 16/06/2012

A Conferência (Rio+20) tem tanta chance de salvar o mundo como uma convenção de entusiastas do esperanto ou um encontro de seguidores de Zoroastro.
Mike Davis, autor dos livros “Cidade de Quartzo” e “Planeta Favela” – O Estado de S. Paulo – 17/06/2012

A “economia verde” é o novo colonialismo para submeter povos e governos anti-imperialistas e anticapitalistas. É a estratégia imperial que qualifica e quantifica cada rio, montanha e lago em dinheiro.
Evo Morales, presidente da Bolívia - Folha de S. Paulo, 22/06/2012

Diplomacia você pode usar com pessoas cultas... só que... você sabe o dito popular que diz: a mulher do malandro obedece só com pau... tamos lidando com pessoas de tamanha ignorância que com diplomacia você não soluciona.
Tranquilo Favero, o produtor de soja mais rico do Paraguai, referindo-se aos sem-terras locais, em declaração anterior à deposição de Fernando Lugo – Carta Maior – 24/06/2012

Quem mudou? O Lula assumiu em 2003 sob a desconfiança de que era um Fidel Castro brasileiro. Achava que ele tinha que ter estágio no governo brasileiro até para o povo se decepcionar com ele. Mas, da maneira que exerceu a Presidência, diria que ele está à minha direita. Eu, perto do Lula, sou comunista.
Eu não teria tanta vontade de defender os bancos e as multinacionais como ele defende. Quando ele tira imposto dos carros, tira da Volkswagen, da Ford, da Mercedes. Quando defende sistema bancário, defende quem? Os banqueiros.
Eu, Paulo Maluf, industrial, estou à esquerda do Lula. De modo que ele foi uma grata revelação do livre mercado, da livre iniciativa.
Paulo Maluf, sobre a aliança entre seu partido e o PT, feita por iniciativa de Lula – Folha de S. Paulo – 26/06/2012

O mesmo pode-se dizer em relação ao governo Fernando Henrique. Mas a identidade de PSDB e PT tem uma diferença na formação, no histórico político. O PT se pretendia uma força mobilizadora da sociedade para a mudança. Essa aliança com Maluf demonstra que esse caminho foi abandonado.
Luiz Werneck Vianna, professor da PUC-Rio, ao ser questionado se a necessidade de alianças amplas não justificaria o acordo entre o PT e o PP de Paulo Maluf – O Estado de S. Paulo, 24/06/2012

No partido do ex-prefeito também houve constrangimento e irritação. A avaliação é que a exposição ostensiva do ex-prefeito trouxe à tona a marca do PP como "o partido do Maluf", da qual tentam se livrar - e alguns achavam ter conseguido.
Raquel Ulhôa, em artigo sobre a foto de Lula com Maluf – Valor – 29/06/2012

Aqui não aconteceu nada. A brutalidade dos acontecimentos é a brutalidade do explícito realismo político. Quem governa com tanta normalidade, em poucas horas depois de usurpar o poder, é porque já governava tudo antes. Enfim, Fernando Lugo não controlava os recursos básicos do Estado nacional, nem sequer a polícia que, há apenas oito dias, assassinou vários camponeses, do grupo mais querido de sua origem e o último elo de seu apoio social.
Lorena Soler, socióloga paraguaia, sobre o golpe que destituiu Fernando Lugo – Página/12 – 25/06/2012

Gestos de concessão a favor da direita resultam unicamente em torná-la mais agressiva, não apaziguá-la. Apesar das concessões, Lugo sempre foi considerado um intruso incômodo, por mais que promulgasse, ao invés de vetá-las, as leis antiterroristas que, a pedido de "a Embaixada", aprovava o Congresso, o mais corrupto das Américas.
Atilio Boron, sociólogo argentino, sobre o golpe que destituiu o presidente paraguaio – 25/06/2012

Devemos ter bem presente, hoje, com mais ânimo que nunca, que só a mobilização e a organização popular sustentam esses governos que querem impulsionar um projeto libertador em favor das maiorias populares. Para que o diabo não ganhe vantagem alguma sobre nós, não se pode ignorar as maquinações dos inimigos dos povos que hoje celebram esta destituição.
Comunicado assinado por diversas representações de igrejas de países como Brasil, Argentina, El Salvador, Uruguai e Chile, sobre o golpe que destituiu o presidente paraguaio – Adital – 26/06/2012

Nem o mais aloprado petista pediu o impeachment do presidente Fernando Henrique Cardoso por conta da morte de 19 sem-terra em Eldorado dos Carajás (Pará), em abril de 1996, no incidente que mais parentesco tem com o que ocorreu há duas semanas em Curuguaty, no Paraguai.
Clovis Rossi, sobre o golpe que destituiu o presidente paraguaio  – Folha de São Paulo – 28/06/2012

Quero agradecer a generosidade e a demonstração de desprendimento da presidenta Dilma ao abrir essa oportunidade de dar voz ao campo. É o reconhecimento ao papel do campo na economia nacional, superando preconceitos e incompreensões.
Kátia Abreu, senadora (PSD-TO) e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, ao defender a reeleição de Dilma – Valor – 29/06/2012

Estamos alertando que, se continuar assim, os resultados deste ano serão piores que os de 2011. (...) O número de 2011 foi o mais vergonhoso da história do Brasil nos últimos 16 anos. Foi o pior índice desse período, uma vergonha para o governo Dilma, para o MDA e para o Incra.
Alexandre Conceição, da Coordenação Nacional do MST, sobre a Reforma Agrária –www.mst.org.br – 29/06/2012

Para completar sua política higienista só falta agora a prefeitura proibir a circulação de moradores de rua. E fazer isso por decreto.
João Antonio, deputado estadual (PT-SP), sobre a proposta de restringir a distribuição de sopa a moradores de rua em São Paulo, feita por Gilberto Kassab – Folha de S. Paulo – 29/06/2012

A poesia paira sobre tudo e envolve o mundo com sua cadência e vigor. O mundo é que anda perdendo a importância e virando cada vez mais suco de chulé.
Ricardo Chacal, poeta – Valor – 25/06/2012

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